E.S.E. - CAPÍTULO VIII - ITEM 18 E 19 - DEIXAI VIR A MIM OS PEQUENINOS (2025)

JOÃO - O Evangelista, Paris, 1863

18 – Disse o Cristo: “Deixai vir a mim os pequeninos”.Essas palavras, tão profundas na sua simplicidade, não fazem apenas um apelo àscrianças,mas também às almas que gravitam nos círculos inferiores, onde adesgraça desconhece a esperança. Jesus chamava a si a infância intelectual dacriatura formada: os fracos,os escravos, os viciosos. Ele nada podia ensinar àinfância física, presa na matéria, sujeita ao jugo dos instintos, e ainda nãointegrada na ordem superior da razão e da vontade, que se exercem em torno delae em seu benefício. Jesus queria que os homens se entregassem a ele com aconfiança desses pequenos seres de passos vacilantes, cujo apelo lheconquistaria o coração das mulheres, que são todas mães. Assim, ele submetia asalmas à sua terna e misteriosa autoridade. Ele foi à flama que espancou astrevas, o clarim matinal que tocou a alvorada. Foi o iniciador do Espiritismo,que deve, por sua vez, chamar a si, não as crianças, mas os homens deboa-vontade. A ação viril está iniciada; não se trata mais de crerinstintivamente e obedecer de maneira mecânica: é necessário que o homem sigaas leis inteligentes, que lhe revela a sua universalidade.

Meus bem-amados, eis chegados os tempos em que os errosexplicados se transformarão em verdades. Nós vos ensinaremos o verdadeirosentido das parábolas. Nós vos mostraremos a correlação poderosa, que liga oque foi ao que é. Eu vos digo, em verdade: a manifestação espírita se eleva nohorizonte, e eis aqui o seu enviado, que vai resplandecer como o sol sobre ocume dos montes.

UM ESPÍRITO PROTETOR - Bordeaux, 1863

19 – Deixar vir a mim os pequeninos, pois tenho oalimento que fortifica os fracos. Deixai vir a mim os tímidos e os débeis, quenecessitam de amparo e consolo. Deixai vir a mim os ignorantes, para que eu osilumine. Deixai vir a mim todos os sofredores, a multidão dos aflitos e dosinfelizes, e eu lhes darei o grande remédio para os males da vida,revelando-lhes o segredo da cura de suas feridas. Qual é, meus amigos, essebálsamo poderoso, de tamanha virtude, que se aplica a todas as chagas docoração e as curas? É o amor, é a caridade! Se tiverdes esse fogo divino, o quehavereis de temer? A todos os instantes de vossa vida direis: “Meu Pai, que sefaça a tua vontade e não a minha! Se te apraz experimentar-me pela dor e pelastribulações, bendito seja! Porque é para o meu bem, eu o sei, que a tua mãopesa sobre mim. Se te agrada, Senhor, apiedar-te de tua frágil criatura,dar-lhe ao coração as alegrias puras, bendito seja também! Mas faze que o amordivino não se amorteça na sua alma, e que incessantemente suba aos teus pés asua prece de gratidão”.

Se tiverdes amor, tendes tudo o que mais se pode desejarna Terra, pois tereis a pérola sublime,que nem as mais diversas circunstâncias,nem os malefícios dos que vos odeiam e perseguem, poderão jamais arrebatar. Setiverdes amor, tereis colocado os vossos tesouro aonde nem a traça nem aferrugem os devoram, e vereis desaparecer insensivelmente da vossa alma tudo oque lhe possa manchar a pureza. Dia a dia sentireis que o fardo da matéria setorna mais leve. E, como um pássaro que voa nos ares e não se lembra da terra,subireis incessantemente, subireis sempre, até que a vossa alma, inebriada, seimpregne da verdadeira vida, no seio do Senhor!

TEXTOS DE APOIO

POR AMOR A CRIANÇA

Nós que tantas vezes rogamos o socorro da ProvidênciaDivina, oremos ao coração da Mulher, suplicando pelos filhos das outras!Peçamos as seareiras do bem pelas crianças desamparadas, flores humanasatingidas pela ventania do infortúnio, nas promessas do alvorecer!...

Pelas crianças que foram enjeitadas nos becos de ninguém;

pelas que vagueiam sem direção, amedrontadas nas trevasnoturnas;

pelas que sugam os próprios dedos, contemplando, porvidraças faustosas, a comida que sobeja desperdiçada;

pelas que nunca viram a luz da escola;

pelas que dormem, estremunhadas, na goela escura doesgoto;

pelas que foram relegadas aos abrigos de lama e setransformam em cobaias de vermes destruidores;

pelas que a tuberculose espia, assanhada, através dosmolambos com que se cobrem;

pelas que se afligem no tormento da fome e mentalizam ofurto do pão;

pelas que jamais ouviram uma voz que as abençoasse e seacreditam amaldiçoadas pelo destino;

pelas que foram perfilhadas por falsa ternura e sãomantidas nas casas nobres quais pequenas alimárias constantemente batidas pelasvaras da injúria;

e por aquelas outras que caíram, desorientadas, nasarmadilhas do crime e são entregues ao vício e à indiferença, entre os ferros eos castigos do cárcere!

Mães da Terra, enquanto vos regozijais no amor de vossosfilhos, descerrai os braços para os órfãos de mãe!...

Lembremos o apelo inolvidável do Cristo: “deixai vir amim os pequeninos”. E recordemos, sobretudo, que se o homem deve edificar asparedes imponentes do mundo porvindouro, só a mulher poderá convertê-lo emalegria da vida e carinho do lar.


Emmanuel - Do livro O Espírito da Verdade. Psicografia deFrancisco Cândido X

PERANTE A CRIANÇA

Ver no coração infantil o esboço da geração próxima,procurando ampará-lo em todas as direções.

Orientação da infância, profilaxia do futuro.

Solidarizar-se com os movimentos que digam respeito àassistência à criança, melhorando métodos e ampliando tarefas.

Educar os pequeninos é sublimar a Humanidade.

Colaborar decididamente na recuperação das criançasdesajustadas e enfermas, pugnando pela diminuição da mortalidade infantil.

Na meninice corpórea, o Espírito encontra ensejo derenovar as bases da própria vida.

Os pais espíritas podem e devem matricular os filhos nasescolas de moral espírita cristã, para que os companheiros recém-encarnadospossam iniciar com segurança a nova experiência terrena.

Os pais respondem espiritualmente como cicerones dos queressurgem no educandário da carne.

Distribuir incessantemente as obras infantis daliteratura espírita, de autores encarnados e desencarnados, colaborando de modoefetivo na implantação essencial da Verdade Eterna.

O livro edificante vacina a mente infantil contra o mal.

Observar quando se deve ou não conduzir as crianças areuniões doutrinárias.

A ordem significa artigo de lei para toda idade.

Eximir-se de prometer, às crianças que estudam, quaisquerprêmios ou dádivas como recompensa ou (falso) estímulo pelo êxito que venham aatingir no aproveitamento escolar, para não viciar-lhes a mente.

A noção de responsabilidade nos deveres mínimos é o pontode partida para o cumprimento das grandes obrigações.

Não permitir que as crianças participem de reuniões oufestas que lhes conspurquem os sentimentos, e, em nenhuma oportunidade,oferecer-lhes presentes suscetíveis de incentivar-lhes qualquer atitudeagressiva ou belicosa, tanto em brinquedos quanto em publicações.

A criança sofre de maneira profunda a influência do meio.

Furtar-se de incrementar o desenvolvimento de faculdadesmediúnicas em crianças, nem lhes permitir a presença em atividades deassistência a desencarnados, ainda mesmo quando elas apresentem perturbações deorigem mediúnica, circunstância esta em que devem receber auxílio através daoração e do passe magnético.

Somente pouco a pouco o Espírito se vai inteirando dasrealidades da encarnação.

Em toda a divulgação, certame ou empreendimentodoutrinário, não esquecer a posição singular da educação da infância na Searado Espiritismo, criando seções e programas dedicados à criança em particular.

Sem boa semente, não há boa colheita.

“Deixai vir a mim os meninos, e não os impeçais, porquedeles é o reino de Deus.” — Jesus.

(LUCAS, 18:16.)

Livro: Conduta Espírita - André Luiz - Psicografia WaldoVieira

SEJAMOS SIMPLES

“Deixai vir a mim os meninos, e não os impeçais, porquedeles é o reino de Deus “. – Jesus. (LUCAS, 18:16)”.

Surge o progresso da sucessão constante de laboresvariados em todas as frentes de atividade humana.

Um esforço acompanha outro, um objeto mais aperfeiçoadomodifica os movimentos da criatura.

Vida após vida, geração a geração, a Humanidade caminharecebendo luz e burilamento.

Toda a vida futura, no entanto, depende inevitavelmenteda vida presente, como toda colheita próxima se deriva da sementeira atual.

A infância significa, por isso, as vibrações da esperançanos dias porvindouros, muito embora a fragilidade com que se caracteriza.

A ingenuidade dos pensamentos e a meiguice dos modos dãoà criança os traços da virgindade sentimental necessária ao espírito paragalgar os estágios superiores da evolução.

Eis, porque, o Senhor, com muita propriedade, elegeu nainfância o símbolo da pureza indispensável à sustentação do ser na Vida Maior.

No período infantil encontramos as provas irrecusáveis deque as almas possuem, no âmago de si mesmas, as condições potenciais para aangelitude.

Urge, pois, saibamos viver com a simplicidade dospequeninos, na rota da madureza renunciando às expressões inferiores do egoísmoe do orgulho, da astúcia e da crueldade, que tantas vezes se nos ocultam nosgestos de fidalguia aparente.

No reino de Deus ninguém cresce para a maldade.

Sejamos simples, vivendo o bem espontâneo.

Observa, portanto, em ti, os sinais positivos queconservas da infância, com índice de valores morais para a excursão, monteacima.

Sê criança em relação ao mal que perturba e fere,realizando a maturação de teus sentimentos na criação do amor puro, porquesomente no amor puro encontraremos acesso à Eterna Sublimação a que estamosdestinados.

Emmanuel - Livro Ideal Espírita - Psicografia FranciscoC. Xavier - Espíritos Diversos

EDUCAÇÃO NO LAR

“Vós fazeis o quetambém vistes junto de vosso pai.” – Jesus.(JOÃO, 8:38.)

Preconixa-se na atualidade do mundo uma educação pelaliberdade plena dos instintos do homem, olvidando-se, pouco a pouco, os antigosensinamentos quanto à formação do caráter no lar; a coletividade, porém, cedoou tarde, será compelida a reajustar seus propósitos.

Ao pais humanos têm de ser os primeiros mentores dacriatura. De sua missão amorosa, decorre a organização do ambiente justo. Meioscorrompidos significam maus pais entre os que, a peso de longos sacrifícios,conseguem manter, na invigilância coletiva, a segurança possível contra adesordem ameaçadora.

A tarefa doméstica nunca será uma válvula para gozosimprodutivos, porque constitui trabalho e cooperação com Deus. O homem ou amulher que desejam ao mesmo tempo ser pais e gozadores da vida terrestre, estãocegos e terminarão seus loucos esforços, espiritualmente falando, na vala comumda inutilidade.

Debalde se improvisarão sociólogos para substituir aeducação no lar por secedâneos abstrusos que envenenam a alma. Só um espíritoque haja compreendido a paternidade de Deus, acima de tudo, consegue escapar àlei pela qual os filhos sempre imitarão os pais, ainda quando sejam perversos.

Ouçamos a palavra do Cristo e, se tendes filhos na Terra,guardai a declaração do Mestre, como advertência.

Livro Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel,psicografia Francisco Cândido Xavier

A FAMÍLIA ZEBEDEU

Na manhã que se seguiu primeira manifestação da suapalavra defronte do Tiberíades, o Mestre se aproximou de dois jovens quepescavam nas margens e os convocou para o seu apostolado:

— Filhos deZebedeu — disse, bondoso — desejais participar das alegrias da Boa-Nova?!

Tiago e João, que já conheciam as pregações do Batista eque o tinham ouvido na véspera, tomados de emoção, se lançaram para ele,transbordantes de alegria:

— Mestre!Mestre! — Exclamavam felizes.

Como se fossem irmãos bem-amados que se encontrassemdepois de longa ausência, tocados pela farsa do amor que se irradiava doCristo, fonte inspiradora das mais profundas dedicações, falaram largamente daVentura de sua união perene, no futuro, das esperanças com que deveriam avançarpara o porvir, proclamando as belezas do esforço pelo Evangelho do Reino. Osdois rapazes galileus eram de temperamento apaixonado. Profundamente generosos,tinham carinhosas e simples, ardentes e sinceras as almas. João tomou das mãosdo Senhor e beijou-as afetuosamente, enquanto Jesus lhe acariciava os anaismacios dos cabelos. Tiago, como se quisesse hipotecar a sua solidariedadeinteira, aproximou-se do Messias e lhe colocou a destra sobre os ombros, emamoroso transporte.

Os dois novos apóstolos, entretanto, eram ainda muitojovens e, em regressando casa com o espírito arrebatado por imensa alegria,relataram sua mãe o que se passara.

Salomé, a esposa de Zebedeu, apesar de bondosa esensivel, recebeu a noticia com certo cuidado. Também ela ouvira o profeta deNazaré nas suas gloriosas afirmativas da véspera. Pôs-se então a ponderarconsigo mesma: não estaria próximo aquele reino prometido por Jesus? Quem sabese o filho de Maria não falava na cidade em nome de algum príncipe? Ali! oCristo deveria ser o intérprete de algum desconhecido ilustre que recrutavaadeptos entre os homens trabalhadores e mais fortes. A quem seriam confiados ospostos mais altos, dentro da nova fundação? Seus filhos queridos bem osmereciam. Precisava agir, enquanto era tempo. O povo, de há muito, falava emrevolução contra os romanos e os comentadores mais indiscretos anteviam a quedapróxima dos Antipas. O novo reinado estava próximo e, alucinada pelos sonhosmaternais, Salomé procurou o Messias, no circulo dos seus primeiros discípulos.

— Senhor — disse, atenciosa — logo após a instituição doteu reino, eu desejaria que os meus filhos se sentassem um tua direita e outroà tua esquerda, como as duas figuras mais nobres do teu trono.

Jesus sorriu e obtemperou com gesto bondoso:

— Antes de tudo, preciso saber se eles quererão beber domeu cálice!...

A genitora dos dois jovens embaraçou-se. Além disso, ogrupo que rodeava o Messias a observava com indiscrição e manifestacuriosidade. Reconhecendo que o instante não lhe permitia mais amplas explicações,retirou-se apressada, colocando o seu velho esposo ao corrente dos fatos.

Ao entardecer, cessado o labor do dia, Zebedeuacompanhado pelos dois filhos procurou o Mestre em casa de Simeão. Jesus lhesrecebeu a visita com extremo carinho, enquanto o velho galileu expunha as suasrazões, humilde e respeitoso.

— Zebedeu —respondeu-lhe Jesus — tu, que conheces a lei e lhe guardas os preceitos nocoração, sabes de algum profeta de Deus que, no seu tempo, fosse amado peloshomens do mundo?

— Não, Senhor.

— Que fizeramde Moisés, de Jeremias, de Jonas? Todos os emissários da verdade divina forammaltratados e trucidados, ou banidos do berço em que nasceram. Na Terra, opreço do amor e da verdade tem sido o martírio e a morte.

O pai de Tiago e de João ouvia-o humilde e repetia: — SimSenhor.

E Jesus, como se aproveitasse o momento para esclarecertodos os pontos em dúvida, continuou:

— O reino deDeus tem de ser fundado no coração das criaturas; o trabalho árduo e o meugozo; o sofrimento o meu cálice; mas, o meu Espírito se ilumina da sagradacerteza da vitória.

— Então, Senhor— exclamou Zebedeu, respeitoso — o vosso reino é o da paz e da resignação queos crentes de Elias esperavam.

Jesus com um sorriso de benignidade acrescentou:

— A paz da consciência pura e a resignação suprema àvontade de meu Pai são do meu reino; mas os homens costumam falar de uma pazque é ociosidade de espírito e de uma resignação que é vício do sentimento.Trago comigo as armas para que o homem combata os inimigos que lhe subjugam ocoração e não descansarei enquanto não tocarmos o porto da vitória. Eis por queo meu cálice, agora, tem de transbordar de fel, que são os esforços ingentesque a obra reclama.

E, como se quisesse pormenorizar os esclarecimentos, prosseguiu:

— Há homens poderosos no mundo que morrem comodamente emseus palácios, sem nenhuma paz no coração, transpondo em desespero e com anoite na consciência os umbrais da eternidade; há lutadores que morrem nabatalha de todos os momentos, muita vez vencidos e humilhados, guardando,porém, completa serenidade de espírito, porque, em todo o bom combate,repousaram o pensamento no seio amoroso de Deus. Outros há que aplaudem o mal,numa falsa atitude de tolerância, para lhe sofrer amanhã os efeitos destruidores.Os verdadeiros discípulos das verdades do céu, esses não aprovam o erro, nemexterminam os que os sustentam. Trabalham pelo bem, porque sabem que Deustambém está trabalhando. O Pai não tolera o mal e o combate, por muito amar aseus filhos. Vê, pois, Zebedeu, que o nosso reino é de trabalho perseverantepelo bem real da Humanidade inteira.

Enquanto os dois apóstolos fitavam em Jesus os olhoscalmos e venturosos, Zebedeu o contemplava como se tivesse à sua frente o maiorprofeta do seu povo.

— Grande reino! — exclamou o velho pescador e, dandoexpansão ao entusiasmo que lhe enchia o coração, disse, ditoso:

- Senhor! Senhor! trabalharemos convosco, prega o vossoEvangelho, aumentaremos o número dos seguidores!...

Ouvindo estas últimas palavras, o Mestre elucidou, ênfasenas suas expressões:

Ouve, Zebedeu! nossa causa não é a do número; verdade edo bem. É certo que ela será um dia a do mundo inteiro, mas, até lá, precisamosesmagar do mal sob os nossos pés. Por enquanto, o pertence aos movimentos dainiqüidade. Á mentira e a tirania exigem exércitos e monarcas, espadas eriquezas imensas para dominarem as criaturas. O amor, porém, a de toda a glóriae de toda a vida, pede um e sabe ser feliz. A impostura reclama intermináveldefensores, para espalhar a destruição; basta, no entanto, um homem bom paraensinar a verdade de exaltar-lhe as glórias eternas, confortando a infinitalegião de seus filhos. Quem será maior perante Deus? dão que se congrega paraentronizar a tirania, esmagando os pequeninos, ou um homem sozinho ebem-intencionado que com um simples sinal salva uma barca de pescadores?

Empolgado pela sabedoria daquelas considerações, Zebedeuperguntou:

Senhor, então o Evangelho não será bom para todos?

Em verdade — replicou o Mestre —, a mensagem Nova éexcelente para todos; contudo, nem todos os homens são ainda bons e justos paracom ela. É por isso que o Evangelho traz consigo o fermento da renovação e éainda por isso que deixarei o júbilo e a energia como se as melhores armas aosmeus discípulos. Exterminando o mal e cultivando o bem, a Terra será para nósum campo de batalha. Se um companheiro cair na luta, foi o mal que tombou,nunca o irmão que, para nós outros, estará sempre de pé. Não repousaremos até aodia da vitória final. Não nos deteremos numa falsa contemplação de Deus, àmargem do caminho, porque o Pai nos falará através de todas as criaturastrazidas à boa estrada; estaremos juntos na tempestade, porque aí a sua. voz semanifesta com mais retumbância. Alegrar-nos-emos nos instantes transitórios dador e da derrota, porque aí o seu coração amoroso nos dirá: "Vem, filhomeu, estou nos teus sofrimentos com a luz dos meus ensinos!" Combateremosos deuses dos triunfos fáceis, porque sabemos que a obra do mundo pertence aDeus, compreendendo que a sua sabedoria nos convoca para completá-la,edificando o seu reino de venturas sem-fim no íntimo dos corações.

Jesus guardou silêncio por instantes. João e Tiago se lheaproximaram, magnetizados pelo seu olhar enérgico e carinhoso. Zebedeu, como senão pudesse resistir à própria emotividade, fechara os olhos, com o peitooprimido de júbilo. Diante de si, num vasto futuro espiritual, via o reino deJesus desdobrar-se ao infinito. Parecia ouvir a voz de Abraão e o eco grandiosode sua posteridade numerosa. Todos abençoavam o Mestre num hino glorificador.Até ali, seu velho coração conhecera a lei rígida e temera Jeová com a sua vozde trovão sobre as sarças de fogo; Jesus lhe revelara o Pai carinhoso e amigode seus filhos, que acolhe os velhos, os humildes e os derrotados da sorte, comuma expressão de bondade sempre nova. O velho pescador de Cafarnaum soltou aslágrimas que lhe rebentavam do peito e ajoelhou-se. Adiantando-se-lhe, Jesusexclamou:

— Levanta-te, Zebedeu! os filhos de Deus vivem de pé parao bom combate!

Avançando, então, dentro da pequena sala, o pai dosapóstolos tomou a destra do Mestre e a umedeceu com as suas lágrimas defelicidade e de reconhecimento, murmurando:

— Senhor, meus filhos são vossos.

Jesus, atraindo-o docemente ao coração, lhe afagou oscabelos brancos, dizendo:

— Chora, Zebedeu! porque as tuas lágrimas de hoje sãoformosas e benditas!... Temias a Deus; agora o amas; estavas perdido nosraciocínios humanos sobre a lei; agora, tens no coração a fonte da fé viva!

Irmão X - Humberto de Campos - Do livro Boa Nova.Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

ENCONTRO MARCADO

Quando a aflição lhe bateu à porta, o discípulo tomou asnotícias do Senhor e leu-lhe a promessa divina:- “Estarei convosco até ao fimdos séculos...”

Acendeu-se-lhe a esperança na alma.

E, certa manhã, partiu à procura do Mestre, à feição dacorça transviada no deserto, quando suspira pela fonte das águas vivas.

Entrou num templo repleto de luzes faiscantes, onde sevenerava a memória; todavia, não obstante sentir que a fé aí brilhava entrecânticos reverentes e flores devotas, não encontrou o Divino Amigo.

Buscou-o nosvastos recintos, onde se lhe pronunciava o nome com inflexão de supremorespeito; contudo, apesar de surpreender-lhe o ensinamento puro, no verbodaqueles que sobraçavam dourados livros, não lhe anotou a presença.

Na jornada exaustiva, gastou as horas... Em vão,atravessou portadas e colunas, altares e jardins.

Descia, gélida, a noite, quando escutou os gemidos de umacriança doente, abandonada à sarjeta.

Ajoelhando-se, asilou-a amorosamente na concha dospróprios braços. Ao levantar os olhos, viu Jesus, diante dele, e, fremente,bradou:

- Mestre! Mestre!...

O Excelso Benfeitor afagou-lhe a cabeça fatigada, comoquem lhe expungia toda a chaga de angústia, e falou, compassivo:

- Realmente, filho meu, estarei com todos e em todaparte, até ao fim dos séculos; no entanto, moro no coração da caridade, em cujaluz tenho encontro marcado com todos os aprendizes do bem eterno...

Debalde, tentou o discípulo reter o Senhor de encontro aopeito...

Através da neblina, espessa das lágrimas a lhe inundaremo rosto mudo, reparou que a celeste visão se diluía no anilado fulgor do céuvespertino, mas, na acústica do próprio ser, ressoavam para ele agora aspalavras inesquecíveis:

- Toda vez que amparardes a um desses pequeninos, poramor de meu nome, é a mim que o fazeis...

Espírito: MEIMEI Médium: Francisco Cândido Xavier Livro:“O Espírito da Verdade”

PROTEÇÃOENERGÉTICA NA REFORMA ÍNTIMA

"Se tendes amor, possuís tudo o que há de desejávelna Terra, possuís preciosíssima pérola, que nem os acontecimentos, nem asmaldades dos que vos odeiem e persigam poderão arrebatar. Se tendes amor,tereis colocado o vosso tesouro lá onde os vermes e a ferrugem não o podematacar [...]." Um espírito protetor (Bordéus, 1861). 0 evangelho segundo oespiritismo, capítulo 8, item 19.

Quando uma casa vai ser reformada, procura-se tomar váriasprecauções para que a desordem temporária não afete a segurança e o bem-estardos moradores e operários.

A reforma íntima igualmente solicita prevenção e cuidadosde todos nós para que os movimentos emocionais não fragilizem a nossa proteçãoenergética e mental.

Muitos seguidores do espiritismo, ao assumiremcumplicidade com sua melhoria moral, expõem-se ao domínio da raiva dilacerante.Esses espíritos sentem raiva por serem quem são e fazem-se adversários de sipróprios, entrando em conflitos e degastando-se em profundas frustrações pornão conquistarem suas intenções de progresso tanto quanto gostariam. Exigem desi mais do que aquilo que dão conta, criando um clima de terrorismo emocional.

Essa conduta favorece uma vulnerabilidade às influênciastóxicas da vida, perturbando a vitalidade da aura e dos corpos espirituaissutis. Agir dessa maneira consigo mesmo é como fazer uma reforma na casa sem asprecauções contra riscos de acidentes, descuidando de planejar e prevenirpossíveis dissabores e acontecimentos infelizes.

O que torna uma estrutura energética e mental frágil eacessível às influências espirituais ou ambientais vem de dentro da própriapessoa, na forma inadequada com que ela se organiza internamente. 0 nosso maiorinimigo, portanto, está em nossa própria vida interior, concretizando-se emnossas maneiras de lidar com o que acontece na vida psíquica e emocional.Dependendo da forma como encaramos os acontecimentos, fragilizamos a nossaproteção energética e possibilitamos laços espirituais parasitários.

Entretanto, por uma questão cultural, muitos companheirosda doutrina, habituados a examinar a vida emo¬cional sob a perspectiva dasinterferências espirituais, deslocam esse foco de ordem emocional para oterreno das obsessões, supondo-se vítimas de nocivas atuações de espíritos domal. Essa forma de exame foi responsável por desenvolver em vários grupamentosdoutrinários uma supervalorização da atuação dos obsessores e um ofuscamento doentendimento sobre os mecanismos dos sentimentos e pensamentos no comportamentohumano. Os que "estão fora" só se tornam fatores agressores quandonós próprios descuidamos de nossa parte no processo de harmonia interior eproteção.

Uma reforma íntima à luz do amor não só orienta o rumo aseguir mas também deve determinar os cuidados necessários de defesa nessagrandiosa e lenta jornada transformadora.

Temos dentro de nós o mais poderoso escudo emocional deproteção e segurança pessoal, e ele se chama autoamor. Acolher amorosamente anós mesmos é como tecer uma manta energética que nos assegura bem-estar, saúde,alegria e prosperidade e imuniza-nos contra as mais diversas formas deexploração de forças, favorecendo a ordem na vida interior durante o processode aprimoramento.

Seria muito oportuno que as casas de espiritismo cristãose devotassem ao estudo sério das principais emoções gestoras de contaminações,explorações, invasões e ataques parasitários que formam os quadros de obsessãocomplexa e especializada para educar seus médiuns, trabalhadores esimpatizantes a entenderem que somos os únicos responsáveis por aquilo que nosacontece.

Existem também diversas condutas na vida que sãocondições fecundas para instalação das vinculações espirituais, energéticas ementais saudáveis e libertadoras.

No intuito de colaborar com essa iniciativa de gestarconteúdos reflexivos, façamos uma pequena lista de exercícios e aprendizadosemocionais importantes na tarefa de melhoramento espiritual a fim de queevitemos tropeços, desgastes e desordens que possam nos deixar vulneráveisenergética e mentalmente nos aprendizados da reforma íntima:

» Evitar as expectativas muito elevadas. Elas costumamser a causa principal da presença da mágoa, e uma pessoa magoada é fortecandidata a ingerir os venenos da decepção, do ódio e da tristeza, estadosíntimos favoráveis às agressões energéticas. Podemos esperar o melhor, mas comaceitação e perdão quando não conseguirmos atingir as metas que tantoalmejamos.

Ter um olhar educativo para os conflitos. Necessitamosinterpretar os conflitos como sintoma íntimo de que temos algo essencial aresolver pelo nosso bem. Estados de conflitos íntimos persistentes sãogeradores de angústia, a emoção que alerta para a existência da desorganizaçãointerna, que, por sua vez, é uma torneira totalmente aberta para a quedarepentina de vitalidade. 0 conflito é a mola de propulsão para avançarmos nadireção da nossa melhoria e amadurecimento.

Aceitar que ninguém consegue ter controle sobre tudo navida. 0 esforço neurótico de controlar é um exaustor da energia da serenidade eum produtor de medos incontroláveis. A vida é um fluxo que nos convida asincronizar nossa mente com o ritmo dos acontecimentos e da realidade.

Observar a irritação com um novo olhar. Quando a irritaçãosurge na vida emocional, ela está emitindo um recado do coração que diz mais oumenos assim: "Você está ultrapassando seus limites, algo está em desacordocom suas necessidades. Observe, reflita e corrija o que está acontecendo."A irritação é um curto-circuito no sistema defensivo descompensando seuequilíbrio de forças na aura, e os caminhos energéticos da existência só serãoabertos quando houver a substituição das frases indicadoras de ausência noslimites: "tenho que...", "deveria ter...", por essas outrasformas libertadoras: "eu escolhi..." "eu necessito...""eu quero..." A inconsciência de limites promove exaustão de energiavital, fundamental para o equilíbrio do sistema nervoso. Respeito aos limites éum processo de educação de nossas forças e habilidades que alinham nossa menteao equilíbrio e à serenidade.

» Evitar fixação prolongada nos aspectos sombrios. Aodestacarmos os aspectos desagradáveis que carregamos ou aqueles que fazem parteda personalidade das pessoas com quem convivemos, fortalecemos esses traços emnós ou passamos a carregar as mesmas dores e necessidades das pessoas quecriticamos, instaurando-se o clima da descrença, do pessimismo e daanimosidade. 0 exercício de olhar a vida de uma forma mais otimista e destacaro luminoso na vida e nas pessoas é uma atitude imunizadora em nosso favor,metabolizando fluidos elevados responsáveis pela serenidade na vida psíquica.

Esses cuidados, e muitos outros que poderemos movimentarna caminhada espiritual de crescimento, são atitudes de amor para conosco. Sãopreventivos contra repercussões desfavoráveis de nossas necessidades morais.

Como assevera nossa referência de apoio: "Se tendesamor, tereis colocado o vosso tesouro lá onde os vermes e a ferrugem não opodem atacar [...]".

Esse lugar onde os vermes da maldade e a ferrugem daacomodação não podem atingir chama-se paz íntima, resultado inevitável de quemvibra nas faixas luminosas do autoamor.

Emoções que Curam - Ermance Dufaux – Wanderley Oliveira

E.S.E. - CAPÍTULO VIII - ITEM 18 E 19 - DEIXAI VIR A MIM OS PEQUENINOS (2025)
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Author: Otha Schamberger

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